seus nobres camaradas. 
Ao cabo de tres annos entregou ao seu digno successor o governo desta 
Provincia, deixando apenas traçadas as primeiras linhas da 
administração e das reformas uteis, que tendes visto continuar a travez 
de graves difficuldades, pelo simultaneo esforço de empregados 
dignissimos. 
Estas circumstancias, e sobretudo a inabalavel e rara honestidade na 
administração da justiça, no provimento dos empregos, na concessão 
dos auxilios e protecção do governo, levaram a tão alto gráo a sua 
reputação, que esta Cidade o honrou com a mais solemne e saudosa 
despedida, de que ha recordação nos annaes desta Provincia; e o 
respeitavel Corpo Municipal ainda saudou a sua memoria, quando pela 
primeira vêz teve de dirigir-se ao illustre General, que de tão puras 
mãos recebêra as rédeas do governo[24]. 
Objecto do publico respeito, honrado com a saudade de todos, o Sr. 
Pedro Alexandrino da Cunha, deixou as praias de Loanda legando aos 
seus successores o elevado encargo de corresponder á confiança do 
governo, ás esperanças da Provincia, e á honradissima recordação de 
tão distincto funccionario. 
Em reconhecimento dos seus extraordinarios serviços, é que ás 
distincções com que o honrára o governo, veio associar-se aquella a 
que o Imperador ligára os nobres epithetos de valor, lealdade e merito. 
Appropriado ornamento para um peito de tanto valor, para animo de 
tamanha lealdade, para coração de tão grande merito[25]. 
A dedicação que o fizera martyr do serviço publico desde os primeiros
annos, não consentiu que repousasse um instante depois de tantas 
fadigas, e o governo sollicitando-o á Camara aonde o levára o voto 
unanime do collegio elleitoral desta Provincia, quando já a não 
governava, mandou-o ás praias do Rio de Janeiro, aonde uma cruel 
fatalidade devia fazer passar a sua alma por bem amargas provações, 
que talvez apressaram o termo daquella preciosa existencia, quando em 
outra mais distante e atribulada possessão portugueza, começavam a 
sentir-se os effeitos da sua consummada prudencia, e extrema 
capacidade[26]. 
Senhores, se o cidadão virtuoso, o funccionario probo, o administrador 
incansavel, já não existe, se lhe faltam estatuas ou padrões que 
perpetuem a sua memoria, se o interprete de vossos sentimentos hoje é 
demasiado debil para que a sua voz eccôe nas idades futuras, eu vejo 
mais que tudo isso nesta publica, solemne, e espontanea demonstração, 
no testemunho constante que daes das suas virtudes, na inextinguivel 
saudade, que tendes nobremente patenteado. 
A Duarte Pacheco que morreu á mingoa n'um hospital, ninguem 
levantou estatua: não ha uma recordação monumental de Salvador 
Corrêa, mas de paes a filhos passa veneranda, e respeitada a memoria 
destes grandes varões. 
Como a respeito delles vós direis a vossos irmãos, aos vossos amigos, a 
todos quantos abordarem ás praias desta boa Cidade, as qualidades do 
vosso chorado Chefe: haveis de mostrar-lhes pela narração de seus 
feitos, o esplendor das suas virtudes publicas, o brilho da sua austera 
probidade, o lustre da sua proverbial rectidão; e a primeira oração que 
ensinardes a vossos filhos, será sem duvida dizendo-lhes com tão 
justificada saudade: 
Oremos pelo descanço eterno do Sr. Pedro Alexandrino da Cunha, 
Governador Geral que foi desta Provincia. 
 
Notas:
[1] O Sr. Pedro Alexandrino da Cunha nasceu em Outubro de 1801, 
filho legitimo de D. Rita Tiburcia da Costa, e do 1.^o Tenente da 
Armada, Jacinto Peres da Cunha, que fallecêra poucos mezes antes em 
Argel das feridas mortaes que recebera dos moiros na occasião em que 
por elles foi tomada a fragata Cisne, onde se achava embarcado. 
Necrologia pelo Illm.^o Sr. S. J. da Luz, Official Maior da Secretaria de 
Estado dos Negocios da Marinha e Ultramar: Diario do Governo n.^o 
233 de 3 de Outubro de 1850. 
[2] Falleceu com quazi quarenta e nove annos de idade.--Necrologia 
citada etc. 
[3] Alferes annexo ao Estado maior do Exercito em 22 de Março de 
1821.--Ordem do dia n.^o 55 de 28 do sobredito mez: Tenente de 
Infanteria 13 em 9 de Julho de 1827.--Ordem do dia n^o 90.--A Fragata 
brasileira Izabel em fins de Setembro de 1828 deitou na Ilha Terceira a 
primeira porção de Officiaes entre os quaes se contava o Sr. Pedro 
Alexandrino da Cunha.--Necrologia citada etc. 
[4] Foi na Ilha Terceira incumbido da reparação do Castello de S. João 
Baptista do Monte Brazil, e da direcção de uma Imprensa. Passou para 
a Armada a rogos do Governo em 2^o Tenente em 25 de Fevereiro de 
1831, e servio a bordo do brigue-escuna Liberal, na expedição ás Ilhas 
de Oeste, e commandou depois as escunas, Prudencia e 
Terceira.--Necrologia citada. 
[5] Vide a citada Necrologia. 
[6] Creou um Arsenal na Ilha de Loanda.--Necrologia citada. 
[7] O Sr. Pedro Alexandrino da Cunha, sahio de Lisboa na corveta D. 
Izabel Maria, em 9 de Dezembro de 1836, passou a Cabo Verde, e a 
Pernambuco, foi á Bahia em auxilio dos subditos portuguezes, e 
tocando no Rio de Janeiro para se    
    
		
	
	
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